sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A CHÁCARA DO SOUTO E SEU JARDIM ZOOLÓGICO por Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini


A CHÁCARA DO SOUTO E SEU JARDIM ZOOLÓGICO

Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini

Edição: R.IHGRJ (Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro).
Ano 18 – Número 18 - 2011

Diretoria do IHGRJ (Biênio 2010-2011)

Presidente: Cybelle Moreira de Ipanema
Vice-presidente: Neusa Fernandes
1ª Secretária: Rogéria Moreira de Ipanema
2ª Secretária: Miridan Britto Falci
1º Tesoureiro: Roberto Schmidt de Almeida
2º Tesoureiro: Francisco de Vasconcellos

Capa
Rogéria Moreira de Ipanema


Capa da R.IHGRJ.

Lombada.

Contracapa.

1ª página do artigo, na página 171.

2ª página do artigo, na página 172.

3ª página do artigo, na página 173. O
artigo conclui-se à página 188. A
transcrição do artigo, na íntegra,
poderá ser lida abaixo:

A CHÁCARA DO SOUTO E SEU JARDIM ZOOLÓGICO

Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini 

António José Alves Souto, o visconde de Souto (Porto 1813 – Rio de Janeiro 1880) veio para o Brasil aos 15 anos, onde se tornaria uma das mais importantes personalidades do Segundo Reinado. Pioneiro das casas bancárias privadas no país, foi fundador da Junta de Corretores, que originou a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, e fez parte da primeira diretoria da Caixa Econômica Federal, cujas reuniões iniciais aconteceram em sua casa. Também exerceu a função de presidente da Beneficência Portuguesa. Foi nomeado banqueiro da Casa Imperial do Brasil através do decreto nº 439, de 24.09.1857. O título “visconde de Souto”, entretanto, foi criado por Luís I, rei de Portugal, através de decreto, em 12 de dezembro de 1862.

Pelo casamento dos filhos, aparentou-se com as famílias de marquês de Olinda, visconde de Pirassununga, conde de Ipanema e Euzébio de Queiroz.

O visconde de Souto. OST de A. R. Duarte, 1890.
Acervo da Beneficência Portuguesa - Rio de Janeiro.
Foto por gentileza de Ney O. R. Carvalho.

Um episódio da História do Brasil, conhecido como “Quebra do Souto”, relata a débâcle do banqueiro visconde de Souto, ocorrida exatamente às dez horas da manhã de 10 de setembro de 1864. Essa falência não somente interrompeu sua vertiginosa participação nos destinos do país, como abalou todo o império: o passivo da casa bancária António José Alves Souto & Cia., ou A. J. A. Souto & Cia., popularmente conhecida como Casa Souto, equivalia à metade da dívida pública interna do Brasil.

Muitos autores escreveram sobre o visconde de Souto nos aspectos de sua vida pessoal e profissional, como banqueiro, benemérito dos desamparados, mecenas, ou ainda como diretor de algumas entidades e fundador de outras, que continuam existindo no século XXI. A maioria refere-se à importância da sua pioneira casa bancária e ao trauma financeiro e econômico que representou a Quebra do Souto com terríveis consequências sobre a economia do Segundo Reinado.


             Tanto a crise financeira provocada pela Quebra do Souto quanto variadas menções à vida e aos feitos do visconde, ficaram registradas na literatura, pela mão de autores como Machado de Assis em “Quincas Borba” e “Hoje avental, amanhã luva”, Lima Barreto em “Triste fim de Policarpo Quaresma”, José de Alencar em “Lucíola” e “O que é o casamento?”, e Arthur Azevedo em “Paga ou morre!” e “Contos ligeiros”. Desde meados do século XIX até à primeira década do século XXI foram publicados mais de seiscentos livros contendo referências ao visconde de Souto e à Quebra do Souto.

A residência oficial do visconde, a “Chácara do Souto”, em São Cristóvão, na Travessa do Campo Alegre (hoje Rua Ibituruna) nº 22, adquirida em meados da década de 40 do século XIX, confinava com os terrenos da Quinta Imperial da Boa Vista e também com os do Chalaça.

A planta da cidade do Rio de Janeiro feita pelo visconde de Villiers de L’Île Adam, gravada por J. H. Lonhard e publicada por G. Leuzinger em 1850, que chegou ao conhecimento dos autores por intermédio do carioca residente na área da antiga Chácara do Souto, o professor e pesquisador Marcelo Sant’Ana Lemos, mostra que os terrenos da Quinta Imperial, pelo lado sul, alcançavam o norte e noroeste da propriedade do visconde, separados apenas pela Rua Duque de Saxe, hoje Av. General Canabarro. Na época, evidentemente, ainda não existia a estrada de ferro nem as movimentadas e largas avenidas que agora cercam as estações de trem e do metrô de São Cristóvão.

Em 1878, J. Cruvello Cavalcanti estabeleceu a nova numeração para a cidade do Rio de Janeiro, mas o número 22 da Travessa do Campo Alegre não foi alterado na ocasião. Entretanto, aquele número 22 do século XIX não é o mesmo do século XXI; ele englobava ambas as extremidades da atual Rua Jiquibá – que naquele tempo não existia –, colado ao atual n.º 108 da Rua Ibituruna, onde hoje está a Universidade Veiga de Almeida, estendendo-se até à Rua Senador Furtado.

Por volta de 1860 a chácara encontrava-se admiravelmente ampliada, porque o visconde de Souto foi comprando diversas propriedades vizinhas, ao longo da Travessa do Campo Alegre, desde as da Rua Duque de Saxe, até alcançar as da Rua Nova do Imperador. Também comprou terrenos na rua paralela à Campo Alegre, que era caminho para a entrada dos fundos da Chácara do Souto, e que mais tarde recebeu o nome de Rua do Souto (atual Rua Senador Furtado). Vários documentos atestam que a antiga Rua do Souto foi aberta dentro da Chácara do Souto. Esta propriedade, portanto, estava delimitada pelas atuais ruas General Canabarro, Ibituruna (acesso principal) e Mariz e Barros, mas desconhecemos as exatas delimitações pelo seu nordeste, embora uma ponta da propriedade alcançasse a Rua Almirante Baltazar, num local muito próximo de onde é hoje a pequena Rua José Eugênio.

Detalhe interessante é que a atual e estreita Rua Jiquibá foi aberta anos após a morte do visconde de Souto, no espaço onde se originou a chácara e onde existiu a mansão da família.

Alguns escritores dão informações que coincidem com as de Marcelo Sant’Ana Lemos, como Brasil Gerson em “História das ruas do Rio de Janeiro”:

Hoje a velha rua – outrora Duque de Saxe ou General Canabarro de ponta a ponta – dividiu-se em duas, porque ao seu trecho entre a ponte sobre a Central e a Rua São Cristóvão deu a Prefeitura o nome de Almirante Baltazar (Carlos Baltazar da Silveira, ministro da Marinha de Campos Sales), que antes figurava nas placas de uma rua da Glória, incorporada à Rua do Russel. É na Almirante Baltazar atual que se encontra o Hospital de São Francisco de Paula. [...] (GERSON, 1954, p. 330).

Inúmeros historiadores, com pequenas variações de um para o outro, confirmam os limites da Chácara do Souto no tocante ao lado noroeste da propriedade, a exemplo de Armando de Magalhães Corrêa, no livro “Terra Carioca: Fontes e Chafarizes”, depois repetido e ampliado por Araújo Viana, e transcrito na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro n.º 343 (constante também da Revista Renascença, 1905, volume 4, edições 17-22), ao relatar uma procissão feita pela influente família de José Antônio de Figueiredo Júnior, pai do conde de Figueiredo:

Essas festas eram célebres e pitorescas (...) A banda de música, que fechava a procissão, pertencia ao visconde de Souto, famoso banqueiro, que habitava a chácara de sua propriedade, limitada pelas ruas do Campo Alegre, da Joana e do Souto, hoje Senador Furtado. (CORRÊA, 1939, p. 121).

Naquele tempo os rios Maracanã, Trapicheiro e Comprido quase se uniam na desembocadura, formando um semi-estuário na região hoje aterrada, onde se localiza um emaranhado de viadutos ao final da Avenida Presidente Vargas. Era mar o local onde existe atualmente a Avenida Francisco Bicalho, tendo sido esta construída ao longo de um canal artificial, sobre gigantescos aterros que afastaram para muito longe as águas da baía.

Nessa propriedade da Travessa (depois Rua) do Campo Alegre, o visconde de Souto mandou erguer sua nova residência, grande e espaçosa, na qual poderia abrigar confortavelmente toda a família, que não parava de aumentar.

Os batismos e casamentos dos filhos realizavam-se na capela existente no terreno da Chácara do Souto. Mas o visconde e a viscondessa de Souto ofereciam-na também para batismos e bodas dos filhos de seus amigos mais chegados. A casa, assim como os jardins decorados com grande bom gosto, eram bem apropriados às recepções.

A data em que a Rua do Souto foi aberta é controversa. O historiador Noronha Santos afirma que isso teria ocorrido em 1875. Na verdade, ela já existia e era citada oficialmente desde vinte anos antes, 1855, e essa constatação provém da “Escritura de consentimento e cessão gratuita de terras que fazem o comendador António José Alves Souto e sua mulher à Companhia da Estrada de Ferro D. Pedro II”, lavrada no tabelião Francisco José Fialho no dia 2 de novembro de 1855. Trata-se de uma doação que o visconde fez ao império, de uma faixa das terras da Chácara do Souto, para que ali passassem os trilhos da primeira estrada de ferro da capital do Brasil. Nas cláusulas primeira e segunda, a Rua do Souto é mencionada nos seguintes termos, respectivamente: “Primeira: Desde a ponte até à Rua do Souto, a Companhia outorgada conservará” [...]; Segunda: da Rua do Souto até à da Joana, somente ocupará a dita Companhia outorgada, por enquanto uma largura de sete braças [...]. (ARQUIVO NACIONAL, Fundo/Coleção 3.º  Ofício de Notas do Rio de Janeiro / Notação: Livro 215, fl. 148v e 149. / Microfilme 010.17-79). A ponte a que se refere a escritura, construída sobre o Rio Maracanã, e que existia dentro da Chácara do Souto, estaria aproximadamente no local onde agora confluem a Av. Maracanã, Av. Presidente Castelo Branco e Rua Jiquibá.

Quatro anos após o visconde de Souto ter doado essa ponta da sua chácara à Estrada de Ferro, foi ali construída a Estação Imperial da Quinta da Boa Vista, que se destinava ao uso exclusivo de dom Pedro II e sua família.

Estrada de Ferro D. Pedro II e Estação Imperial, São
Cristóvão, Rio de Janeiro. Foto por gentileza de Hélio
Suêvo Rodriguez, originalmente da coleção  Luiz
Octávio Oliveira.

Antiga Estação Imperial, São Cristóvão, Rio de Janeiro,
deteriorando-se, ocupada por lavadores de carro.
Foto Francisco Souto Neto, agosto 2009.

Havia muitas e belas chácaras em São Cristóvão, mas a do Souto era especial: tinha um jardim zoológico, novidade absoluta no Brasil.

A polêmica sobre qual teria sido o primeiro jardim zoológico brasileiro persiste ainda hoje. Alega-se que não há documentação fidedigna a respeito, mas documentos existem, e não deixam dúvidas: o primeiro jardim zoológico do Rio de Janeiro, do Brasil e provavelmente da América do Sul, foi o do visconde de Souto, que começou a ser formado na década de 1840 e por volta de 1850 já estava plenamente desenvolvido. Ele importou e manteve, sempre às próprias expensas, variados espécimes nativos e de outras regiões do planeta.

Muito frequentemente o jardim zoológico do barão de Drummond (1825-1897), em Vila Isabel, é citado como o primeiro que existiu no Rio de Janeiro, embora tenha sido inaugurado em 1888. Drummond recebeu de dom Pedro II uma subvenção anual de 10 contos de réis e a isenção de impostos na importação de animais. Entretanto, já no ano seguinte à inauguração, foi proclamada a república e os privilégios foram cortados. Em 1892 as dificuldades para manter o jardim zoológico eram imensas, não sendo suficientes os recursos obtidos com a venda de ingressos. Para solucionar o problema, Drummond criou uma loteria de animais, que se perpetuou como o conhecido “jogo do bicho”.

Depoimento irrefutável sobre o pioneirismo da coleção zoológica do Souto é o de Adolfo Morales de los Rios Filho em “O Rio de Janeiro Imperial”:

Outros jardins de planície eram: [...] o jardim do Souto, o riquíssimo negociante e banqueiro da Rua Direita, situado no Andaraí –, no qual até existia uma grande coleção de animais da terra e do estrangeiro e, por isso, considerado cronologicamente o primeiro dos jardins zoológicos da cidade carioca [...]. (MORALES DE LOS RIOS FILHO, 1946, p. 137).

O gravurista holandês Pieter Godfred Bertichen (também citado como Pedro Godofredo Bertichen) radicou-se no Rio de Janeiro em 1837 e faleceu em Petrópolis, no ano de 1866. Entre 1850 e 1856 dedicou-se a retratar aspectos da capital do império. Uma das suas litografias, que tem o título de “Chácara do Souto”, mostra um trecho do jardim zoológico. Bastaria esse registro iconográfico para comprovar o pioneirismo do Souto, reafirmado pelo historiador Noronha Santos (1876-1954), autor da legenda impressa no verso da gravura:

Que se tenha notícias, este foi o primeiro jardim zoológico da cidade, criado por um particular, rico negociante - Antônio José alves Souto, depois visconde de Souto. Ficava na Rua Nova do Imperador (Mariz e Barros) em São Cristóvão. Seu proprietário possuía ali uma das mais belas chácaras do Rio de Janeiro com lindo jardim, pomar e horta, e onde formou uma coleção de animais do país para seu prazer e deleite dos amigos e depois até do público. Souto era rico diretor de uma das mais importantes casas bancárias da praça – Casa Souto – que, ao falir arrastou várias firmas causando a célebre crise econômica de 1864. Faleceu em 13 de dezembro de 1870. Nesta grande chácara, foi aberta, em 1875, a Rua do Souto, atual Senador Furtado, que começava na Rua Nova do Imperador (Mariz e Barros) e terminava na Rua Duque de Saxe (General Canabarro).

Noronha Santos equivocou-se quanto às datas do falecimento do visconde, que ocorreu em 14 de fevereiro de 1880, e da abertura da Rua do Souto, que já existia em 1855, conforme comprovado no início deste artigo.

Chácara do Souto, com jardim zoológico (Gravura de Bertichen).
Cópia digitalizada adquirida na Galeria Brasil, São Paulo.

A entrada da mansão da família ficava na Travessa do Campo Alegre n.º 22, mas a entrada para o jardim zoológico fazia-se “pelos fundos”, isto é, pela Rua do Souto, aberta entre os antigos números 32 e 34 da Rua Nova do Imperador, que são hoje os números 204 e 240 da Rua Mariz e Barros.

O visconde de Souto abria os portões da sua propriedade para que todas as classes sociais, dos nobres aos escravos, entrassem gratuitamente. A coleção de animais vivos teve importante função cultural, porque os fluminenses puderam, pela primeira vez, conhecer muitos dos raros espécimes que só sabiam existir por ouvir contar, ou da literatura, tais como o urso, o leão, o tigre e o elefante, dentre outros. Em pouco tempo a Chácara do Souto tornou-se um dos locais de lazer mais conhecidos da cidade.

Os animais que morriam eram entregues a um taxidermista e levados ao Museu Nacional, instituição que ficou devendo ao visconde de Souto o enriquecimento do acervo. O livro “História, ciências, saúde – Manguinhos”, publicado pela Casa de Oswaldo Cruz, é um dos que mencionam as doações feitas pelo Souto ao Museu Nacional. (CASA DE OSWALDO CRUZ, 1993, p. 59). Na obra “O Rio de Janeiro: sua história, monumentos, homens notáveis”, o autor, ao referir-se às doações de animais empalhados ao Museu Nacional, enumera alguns deles:

Um peixe-boi; um tamanduá-bandeira, ofertados por D. Pedro II; um leão, um gnu, um urso, uma cegonha, um galo da rocha oferecidos pelo comendador Antônio José Alves Souto (XLVII), hoje visconde de Souto; outro urso que pertenceu à domadora de feras Madame de La Barrere; [...] dois jacarés, um de quatro e outro de oito palmos de comprimento, mortos em janeiro de 1831, em um pântano que havia próximo da Quinta da Boa Vista, por Pedro I, que veio ao Museu ordenar que fossem preparados e montados convenientemente [...]. (AZEVEDO, 1877; 1969, p. 256).

A Seção de Memória e Arquivo do Museu Nacional mantém os Relatórios Institucionais com o registro das doações de animais taxidermizados que foram efetuadas por António José Alves Souto, o visconde de Souto:

Em 1855, um grou real; em 1856, uma pele de antílope gnu; em 1858, um orangotango e um urso preto; em 1859, duas avestruzes, uma arara macau, um tamanduá-bandeira, uma cegonha e um grande leão africano; em 1860, um jaburu moleque, um macaco africano, um urso, uma colhereira; em 1861 um galo-da-serra e um lobo; em 1863, um “kakatoá” [cacatua] africano. (MUSEU NACIONAL, Relatórios Institucionaia).

Urso taxidermizado, doação do visconde de Souto ao Museu
Nacional - Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro.
Foto Francisco Souto Neto, agosto de 2009.

              O visconde de Souto, que já era muito conhecido e respeitado como banqueiro, passou a ser por todos querido. Frequentemente, aos domingos, era visto passeando pelo seu zoológico ao lado dos familiares e conversando com os visitantes a respeito dos animais que ali mantinha. Sua popularidade tornou-se notória, resistindo ao tempo e aos percalços.

Machado de Assis, ao final da Cena VI da peça teatral “Hoje avental, amanhã luva”, dá a seus personagens o seguinte diálogo:

Durval – Que é isso?
Rosinha – Uma carta da ama a uma sua amiga. “Querida Amélia: o Sr. Durval é um homem interessante, rico, amável, manso como um cordeiro, e submisso como o meu Cupido...”
Durval – A comparação é grotesca na forma, mas exata no fundo. Continua, rapariga.
Rosinha (lendo) – “Acho-lhe contudo alguns defeitos”.
Durval – Defeitos?
Rosinha – “Certas maneiras, certos ridículos, pouco espírito, muito falatório, mas afinal um marido com todas as virtudes necessárias...”
Durval – É demais!
Rosinha – “Quando eu conseguir isso, peço-te que venhas vê-lo como um urso na Chácara do Souto”.
Durval – Um urso!
Rosinha (lendo) – “Esquecia-me de dizer-te que o Sr. Durval usa de cabeleira” (fecha a carta)
Durval – Cabeleira! É uma calúnia! Uma calúnia atroz! (levando a mão ao meio da cabeça, que está calva) Se eu usasse de cabeleira...
Rosinha – Tinha cabelos, é claro.
Durval – (passeando com agitação) Cabeleira! E depois fazer-me seu urso como um marido na Chácara do Souto.
Rosinha (às gargalhadas) – Ah! ah! ah! (vai-se pelo fundo). (ASSIS, 2009, p. 7-8).

São muitos os escritores que desde a segunda metade do século XIX referem-se à Chácara do Souto e seu jardim zoológico. Transcrevê-los resultaria repetitivo. Porém, é muito curioso que teatrólogos também se ocupassem do tema e misturassem personagens ficcionais com a realidade do visconde de Souto e seu zoo. A peça “A Ninhada do meu sogro”, de Augusto de Castro, foi representada pela primeira vez no dia 9 de abril de 1863, no Ginásio Dramático do Rio de Janeiro. O livro contendo o texto data de 1864, e dele foi extraído o seguinte:

Victorina (entrando) – Veja se está direito! (Anda à roda). Faz tanta aflição nas pernas!
Cypriano – Deveras, ela vai conosco?
Botelho – Por quê não? (Cypriano passa à esquerda).
Felícia (entram Joana e Pedro) – E também Joana e Pedro... Querem ver a Corte; acho que têm razão.
Cypriano (a Álvaro, falando baixo) – Vou arrastar pelas ruas da cidade esta capoeira de galinhas da serra!... Quando passarmos pela porta dos Desmarais a rapaziada prega-me numa vaia de estrondo!...
Victorina – Onde vamos, Sr. Cypriano?
Cypriano – À Chácara do Souto, ver as saracuras...
Felícia – Isso fica para depois. Vejamos primeiro a célebre Rua do Ouvidor. (CASTRO, 1864, p. 161).

Nesta mesma peça teatral, além de mencionar o jardim zoológico da Chácara do Souto, mais adiante os personagens referem-se aos “vales do Souto”, evidenciando a importância dos vales bancários emitidos pelo banqueiro, como se lê adiante:

Alberto – (desce) Álvaro, preciso de alguns vales do Souto para começar amanhã os trabalhos da nossa grande empresa... anda... dá-me-os!
Álvaro – Porém...
Alberto – Deixa-te de poréns! (tira a carteira do bolso de Álvaro) Entre parentes não há cerimônias. (examinando os vales) Vinte e um contos de réis... chega para começar!
Álvaro – Oh! é demais! Eu protesto...
Alberto – (guardando os vales) Tens razão... paga primeiro e depois protesta.
Cypriano – Nada de alusões políticas!
Álvaro – Falta-me a paciência... por fim.
Alberto – Qual! o mundo é um cilindro... que gira... Agora estás tu por baixo e...
Todos – E nós por cima!
Álvaro – Está feito... Afinal, também eu lucro! (CASTRO, 1864, p. 189-190). 

Escritores contemporâneos também mencionam a Chácara do Souto, como Ney O. R. Carvalho, na obra “Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, 150 anos: a história de um mercado”: “A chácara onde residia Alves Souto, na atual Rua Mariz e Barros, era ponto de atração no Rio de Janeiro, pela excentricidade de ostentar um Jardim Zoológico particular”. (CARVALHO, 1995, p. 55).

Os jardins da vivenda dos Souto, no extremo oposto ao zoológico, foram descritos por Adolfo Morales de los Rios Filho, no livro “Grandjean de Montigny e a evolução da arte brasileira”, da Editora “A Noite”, revelando a visão que se tinha à entrada da propriedade:

Souto, o rico negociante e banqueiro da Rua Direita possuía, na Rua Nova da Imperatriz [sic], uma das mais belas chácaras do Rio de Janeiro. Os jardins que ali mandara fazer, cheios de roseiras, de plantas decorativas, de arvoredo, de palmeiras e cobertos de relvado, tinham a seguir um rico pomar e uma extensa horta. Tudo cuidado com capricho e gradativamente melhorado com espécimes e exemplares vindos, também, da Europa. Os grandes haveres do conhecido homem de negócios, lhe permitiram, outrossim, criar uma valiosa coleção zoológica, em que se destacavam raros exemplares de animais do Brasil. Pode-se dizer que foi o primeiro jardim zoológico aqui estabelecido. Em 1860, a chácara, já extraordinariamente desenvolvida, constituía nos domingos e dias feriados um ponto de recreio para as crianças, os adultos e os empregados e amigos de Souto. (MORALES DE LOS RIOS FILHO, 1941, p. 206).

No livro “Cartas de um roceiro”, editado em 1867, Faustino Xavier de Novais, poeta e escritor famoso pelos textos satíricos e jocosos, faz referências aos pássaros exóticos do visconde de Souto:

Agora, se dá licença, volto à dissertação sobre a preguiça. “A Deus faz-se-lhe a corte de joelhos, aos grandes da terra em pé, e ao diabo, deitado e estendido sobre um canapé, sem fazer coisa alguma”. Assim queria eu ontem passar algumas horas da tarde, fazendo a corte ao diabo no largo do Rocio; mas não pude fazer vasa, e fui codilhado pelos parceiros que tinham feito jogo mais cedo, apoderando-se dos bancos, que são poucos para o espaço do jardim. Deste modo, a preguiça que tem a seu cargo aquela obra venceu a preguiça deste seu criado. Fui abrigar-me, na falta de outro recurso, em uma daquelas guaritas que V. tem visto e admirado, como eu. Não estava mal, isso é verdade; mas houve um gaiato que me desalojou, por meio de uma invenção muito ofensiva à minha gravidade. Espalhou o boato de que o Visconde de Souto tinha mandado da sua chácara para ali, como presente, um grande pássaro da Índia. Aglomeraram-se em volta da gaiola todos os admiradores dos grandes pássaros, e eu, envergonhado pela assuada, bati as asas e fui-me, perdendo a ocasião de gozar a viração fresca, que me trazia aos ouvidos os amenos cantos da musa do Café com leite, que não mete a viola no saco nem a cacete. Em tudo isto só lucrei uma coisa. Fiquei sabendo que são destinadas aquelas gaiolas para pássaros da Índia. A verdade, manda Deus que se diga. Voltemos à preguiça. (NOVAIS, 1867, p. 324-325).

Já neste século XXI, mesmo que raramente, o jardim zoológico do Souto é ainda lembrado. A Revista de História da Biblioteca Nacional publicou a reportagem “Um Programa Animal”, assinada por Felipe Magalhães, que escreveu no 3º parágrafo:

No século XIX, houve uma proliferação de jardins zoológicos em todo o mundo. No Brasil, esta história começou em 1860, com a abertura do Jardim Zoológico do Souto, no Rio de Janeiro. Seu proprietário, José Antonio Alves Souto [sic], era um rico negociante português. (n.º 17, fev. 2007).

No texto acima transcrito, o prenome do visconde está invertido. E equivocou-se o autor quanto à data em que o jardim zoológico foi aberto. Sabe-se que isto ocorreu quase duas décadas antes.

Parece estranho que, tendo vivido em épocas diferentes e atuado em áreas tão diversas, o visconde de Souto tenha entrado nas lembranças de dois dos mais importantes poetas do Brasil, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, no livro que escreveram em coautoria, “Rio de Janeiro em prosa & verso”, no qual incluíram no capítulo “Tu passaste por este jardim” o relato a que denominaram “O jardim zoológico do Souto”.

O prefácio, escrito em 1965 e assinado conjuntamente por Bandeira e Drummond, explica os motivos que os levaram a organizar o livro:

Este livro pretende ser menos antologia do que reportagem sobre a grande pessoa viva que é o Rio de Janeiro – reportagem de muitos autores, explorando muitos temas, em quatro séculos da existência da cidade. [...] Especialistas de vário gênero assinalarão o IV Centenário da muito leal, histórica (e gentil) cidade de São Sebastião, estudando em profundidade aspectos culturais, técnicos e científicos de sua evolução. A nós coube simplesmente montar esta série de flagrantes do Rio de hoje, de ontem e dos primeiros tempos, colhidos pelo padre catequista, pelo viajante estrangeiro, pelo sociólogo, pelos poetas, pelos cronistas do dia e da noite, por todos a quem seduziu a idéia de dar testemunho do Rio, depois de lhes haver seduzido o gosto de viver no Rio. (BANDEIRA; ANDRADE, 1965, p. xliv [sic]).

Os poetas colecionaram textos originais, inéditos ou não, reunindo-os por temas: humor, sentimento religioso e orgíaco, política, montes, águas, jardins, bairros, ruas, casas memoráveis, assim como as impressões de autores sobre o bonde, a barca, o estádio, a praia, o carnaval... Em meio a obras de muitos escritores conhecidos, Bandeira e Drummond selecionaram também textos anônimos, um dos quais refere-se ao visconde de Souto:

O Jardim Zoológico do Souto. / (Anônimo). / A geração de hoje conhece de nome o Souto – pela notícia que tem da quebra de sua casa bancária, em 1864, arrastando em seu desmoronamento outras casas e bancos e levando a praça à grande crise comercial que tão profundamente a abalou. / O Souto, José António Alves Souto [sic], foi um negociante português que, aqui chegando menino, pelo seu trabalho assíduo e inteligente, reuniu uma fortuna considerável e alcançou um crédito ilimitado. / Tão grande era a confiança que nele se depositava que sua casa bancária, em seu tempo, rivalizava, como carteira de depósito, com o Banco do Brasil, a mais importante instituição bancária do país. / Depositário de uma soma avultadíssima de haveres, mergulhado em inúmeros negócios a que a sua atividade não podia atender a um tempo, a Casa Souto ruiu, ocasionando prejuízos consideráveis no comércio do país e que se traduziram num verdadeiro cataclismo de que ainda hoje se fala com pavor. / Possuidor de grande fortuna, Souto era um espírito liberal e generoso. Tendo construído para sua habitação um belo palacete na Rua Barão de Monte Alegre, em meio a um grande e bem tratado parque, aí organizou um jardim zoológico, onde reuniu, à custa de muito trabalho e grandes despesas, muitas e variadas espécies dos mais interessantes animais do globo. Até um elefante existiu no jardim zoológico do Souto. / Organizado o parque, foi ele franqueado ao público e, durante muito tempo, foi o ponto predileto de reunião e passeio dos fluminenses nos domingos. / Sem as facilidades de locomoção que hoje existem, era a pé, pelo extenso caminho do aterrado, que os caixeiros, que recebiam dos patrões seis vinténs para se divertir nos domingos, iam passear à Chácara do Souto, o que não lhes custava nada (1904). (BANDEIRA; ANDRADE, 1965, p. 91-92).

Graças às pesquisas e empenho de Edla Prado, supervisora do Setor de Periódicos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, foi descoberta a origem do texto preservado pelos poetas modernistas: está na página 172 da Revista Renascença, ano 1, n.º 3, do ano de 1904, pertencente ao acervo do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo. Ao final do texto lê-se: “A estampa que hoje oferecemos aos nossos leitores é a reprodução de uma interessante litografia de Rensburg, feita em 1862 e representando um trecho do jardim zoológico do Souto”.

Cabem aqui retificações. A primeira é que o texto não está assinado na respectiva página, porém não é anônimo, como pensaram Bandeira e Drummond, mas da autoria do redator da Revista Renascença, Carlos Magalhães de Azeredo. A segunda diz respeito à litografia "Chácara do Souto", que ilustra este artigo: o autor é Bertichen, e não Rensburg. Este, Rensburg, é o nome da empresa que imprimiu a litografia. E finalmente, o endereço residencial do visconde de Souto era Travessa (depois Rua) do Campo Alegre, e não Barão de Monte Alegre.

Em que pese o duplo equívoco, os três autores foram extraordinários ao proporcionar, Azeredo, uma das mais belas lembranças do Souto e sua fascinante coleção de animais raros, e Bandeira e Drummond, a valorização das mesmas, ao transcrevê-las no seu livro.

Nessa mesma obra os dois poetas abriram outro capítulo a que denominaram “Machado de Assis pelas ruas do Rio”, com uma crônica escrita pelo historiador Noronha Santos, na qual analisa e comenta os livros que Machado de Assis ambientou no Rio de Janeiro. Ao referir-se a “Quincas Borba”, Noronha Santos menciona a falência do Souto, porém erra o nome do visconde ao grafar “José Antônio Souto” em vez de “António José Alves Souto”, conforme se lê:

Ainda em páginas de “Quincas Borba”, vemos, febricitante de vida, com seu comércio importador e exportador, a Rua Direita, hoje Primeiro de Março. Grande artéria de tráfego trepidante, onde se faziam altos negócios, nela se estabeleceram, desde os tempos coloniais, as oficinas, armazéns, depósito de mercadorias e a famosa Casa dos Contos. A crônica da cidade ali recorda o estabelecimento bancário de José Antônio Souto, que ruiu fragorosamente, reduzido à falência [...]. (BANDEIRA; ANDRADE, 1965, p. 524).

O visconde de Souto também prestou apoio a um evento de cunho científico, o mais importante realizado no Brasil do século XIX. Isto ocorreu quando o zoólogo Manoel Ferreira Lagos, integrante da Comissão Científica de Exploração estruturada em 1856 pelo imperador para pesquisar a vida animal de regiões quase desconhecidas do território brasileiro, retornou ao Rio de Janeiro trazendo 17.000 exemplares, dos quais, 12.000 insetos e 4.000 aves. Tudo isso foi destinado ao acervo do Museu Nacional. Lagos trouxe também muitos animais vivos que, obviamente, não poderiam ser acomodados num museu. O também zoólogo Frederico Burlemaque, diretor do Museu Nacional, não teve dúvidas: dirigiu-se ao então comendador Souto, pedindo-lhe que abrigasse os animais em sua chácara. O relatório deste episódio, narrado por Lagos ao imperador d. Pedro II, datado de 6 de dezembro de 1861, encontra-se transcrito no livro “História da Comissão Científica de Exploração”, de Renato Braga:

Senhor! Obedeço à ordem de Vossa Majestade Imperial, apresentando desde já um relatório sucinto dos trabalhos em que me ocupei como membro da Comissão Científica encarregada de explorar o interior de algumas Províncias do Império menos conhecidas. [...] Não poupei esforços que deram em resultado nos Cariris, a reunião de mais de cem animais, entre quadrúpedes, aves e répteis; e receando entregá-los a indivíduos que deles pouco cuidassem, tencionava conduzi-los pessoalmente quando regressássemos. Com bastante dor, à vista de tanto trabalho perdido como deram, os vi ir morrendo sucessivamente durante a viagem e alguns mesmo depois de chegarem à capital, de maneira que poucos restaram, os quais aqui por ordem do governo imperial entreguei ao Sr. Dr. Frederico Leopoldo César Bulemarque, diretor do Museu Nacional, donde foram passados, por falta de acomodação, para a chácara do Sr. Comendador António José Alves Souto: este ilustre cavalheiro, além de outros serviços prestados ao nosso País, não se tem poupado a incômodos e despesas avultadas a fim de conservar vivos os mais notáveis animais, tanto exóticos como indígenas, apesar dos mil embaraços com que luta para satisfazer a sua louvável paixão, sem lhe arrefecer isso o ânimo, continua sempre com ardor a prosseguir na carreira encetada. Franqueando à curiosidade pública o seu jardim zoológico, o Sr. Comendador Souto não se esquece também de remeter para o Museu Nacional os animais que morrem, e desta maneira vai lucrando aquele estabelecimento público. (BRAGA, 1982, p. 314, 327-328).

Além do apoio dado à Comissão Científica de Exploração, anos depois o visconde de Souto se envolveria também com outra comissão científica, agora internacional, que foi um dos eventos de maior magnitude do século XIX no campo da Ciência. Esse registro é encontrado no livro “Historia de la Comisión Científica del Pacífico”, editado na Espanha, que contém o relato de uma expedição de altíssimo nível que entre os anos de 1862 e 1865, partindo de Madri, atravessou os países latino-americanos, do Atlântico ao Pacífico, tendo contado com o apoio da rainha da Espanha, d.ª Isabel II, da Junta para Ampliação de Estudos e Investigações Científicas e do Museu Nacional de Ciências Naturais, de Madrid. No Rio de Janeiro, os chefes da comissão científica foram recebidos pelo visconde de Souto. No livro, editado pelo referido museu, da autoria do frei Agustín Jesús Barreiro, respeitado investigador naturalista espanhol, encontra-se uma das mais completas referências ao jardim zoológico do Souto e a fascinante descrição da diversidade de animais ali colecionados, alguns da fauna brasileira e outros que jamais tinham sido vistos no Brasil e na América do Sul:

[...] informe acerca de una colección de animales vivos, propriedad de un banquero apellidado Souto, y hasta se ofreció a acompañarle en una visita que por fin realizaron ambos [Martínez y Bourget] a la quinta [Chácara do Souto] en que se hallaba instalada dicha colección. Constaba ésta de algunos leones, coati, hiena, íbis, onzas, jaguar, urubu, el rey de éstos, jacú, occos, avestruz, faisanes, paca, leopardo, grulla coronada, garzas, ciervos, gamos, gacelas, y un elefante. No deja de llamar la atención el que un particular sostuviese a sus expensas todos estos animales cuyo mantenimiento y cuidados debían importar una fuerte suma. (BARREIRO, 1926. p. 93).

O jardim zoológico foi fechado quando da falência da Casa Souto, em 1864. O imperador dom Pedro II, de quem o visconde de Souto era amigo, mandou instaurar uma comissão de inquérito para determinar as causas da crise e suas responsabilidades, tendo sido o visconde de Souto inocentado em 1866 e reabilitado formalmente pelo Conselho de Estado em 1869.

(Este artigo é parte do livro Visconde de Souto – Ascensão e “Quebra” no Rio de Janeiro Imperial, ainda inédito, de Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini, trinetos do visconde)

Referências bibliográficas:
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ASSIS, Machado de. Hoje avental, amanhã luva. Manaus: Universidade da Amazônia: Educação à Distância, 2009. p. 7, 8.
______. Quincas Borba. São Paulo: Cultrix, 1967. p. 242.
AZEVEDO, Manuel Duarte Moreira de. O Rio de Janeiro: sua história, monumentos, homens notáveis, usos e curiosidades. Rio de Janeiro: Brasiliana, 1969. p. 75 nota.
BANDEIRA, Manuel; ANDRADE, Carlos Drummond de. Rio de Janeiro em prosa & verso. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1965. p. 91, 92, 524.
BARREIRO, Agustín Jesús. Historia de la Comisión Científica del Pacífico (1862-1865). Madrid: Museu Nacional de Ciencias Naturales, 1926. p. 83, 93.
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Brasiliense, 1977. p. 34.
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BRAGA, Renato. História da Comissão Científica de Exploração. Fortaleza: Universidade do Ceará, 1962. p. 327-328.
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NOVAIS, Faustino Xavier de. Cartas de um roceiro. Rio de Janeiro: Perseverança, 1867. p. 325.

Resumo
Narra episódios da biografia de António José Alves Souto, visconde de Souto (1813-1880), primeiro banqueiro privado no Brasil. Descreve sua chácara, em São Cristóvão, Rio de Janeiro, que confinava com a Quinta Imperial, e fatos ligados a essa propriedade, como a doação de fragmento da chácara para passagem da Estrada de Ferro D. Pedro II, no qual foi construída a Estação Imperial, e o zôo franqueado à visitação pública. Registra que, ao falir em 1864, no episódio conhecido como "Quebra do Souto", o jardim zoológico foi extinto.
Palavras-chave: Visconde de Souto ; jardim zoológico em São Cristóvão ; Quebra do Souto

Abstract
António José Alves Souto, viscount of Souto, born in Portugal, was the first private banker in Brazil. His farm at São Cristóvão burrough, was contiguous to the Quinta Imperial. The viscount donated a little part of his holding to the D. Pedro II Railway, in which was built the Imperial Station. The viscount owned a live animals collection in his property, open to the people for free. In 1864 the viscount bankrupted, and the zoo was extinct.
Key-words: Viscount of Souto ; zoological garden ; bankrupt




8 comentários:

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    1. Caro Renato, agradeço também em nome de minha coautora, por manifestar-se. Não há nada mais estimulante para um autor, do que provocar interesse ao leitor. Tenha um ótimo ano de 2014 com saúde, paz e alegrias. Um abraço.

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  2. O que acontenceu com os animais quando o zoo fechou?

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    1. Caro Jeferson Pires. Antes de tudo, quero agradecer-lhe pelo seu interesse no assunto e por perguntar. Eu e minha coautora pesquisamos mais de 600 livros e embora em muitos houvesse referências à "coleção de animais vivos" (ou "ménagerie") do Visconde de Souto, em nenhum se fez qualquer referência ao destino dos animais após o fatídico 10 de setembro de 1864, em que ocorreu a Quebra do Souto. Viajamos ao Rio e passamos horas na Biblioteca Nacional, onde pesquisamos nos dois principais jornais da Império, desde o dia 10.9.1864 até ao fim do 1º trimestre de 1865, e embora haja fartas referências à Quebra do Souto, não encontramos uma única palavra sobre o destino dos animais. Essa mesma pergunta foi formulada a mim e à minha coautora quando fomos entrevistados sobre o assunto no programa "Detetives da História", do "The History Channel". Na crônica que recentemente publiquei, eu informo como localizar dia e horário das reprises, que continuam ocorrendo neste começo de ano. Se desejar conhecer, vou tentar colar abaixo o endereço do link. Muito obrigado e um abraço. http://soutoneto.wordpress.com/2013/12/19/o-elefante-sem-identidade-minha-historia-e-de-lucia-helena-no-the-history-channel/

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  3. Assisti ao programa do History Chanel " Detetives da História", onde o senhor participou contando exatamente sobre esse zoológico. Fiquei surpreso em saber da existencia desse zoológico. A historia do Brasil é muito rica e a maioria das pessoas nem conhece. Obrigado pela aula de historia.

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    1. Caro Luiz Carlos Rodrigues! Obrigado por ter me encontrado aqui neste blog, para comentar nossa participação no episódio "O elefante sem identidade" no "The History Channel". Eu me sinto muito feliz e gratificado por termos revelado um episódio do Império que é quase desconhecido dos brasileiros. Obrigado pelo estímulo. Quem agradece somos eu e Lúcia Helena, minha coautora, pelo interesse que você demonstra. Abraços.

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  4. Boa tarde, descobri o seu blog por acaso pesquisando litogravuras de Pieter Godfred Bertichen pelo Google. Me separei com a imagem do zoológico e ao ver o nome Souto, lembrei de uma antiga pesquisa que fiz sobre um município do norte do estado do RJ. Nesta publicação de 1864 há uma nota sobre a fuga de leão que vivia em uma chácara cujo o proprietário se chamava Souto e também era banqueiro. Saberia me informar seriam a mesma pessoa? Pesquisei na época sobre isso mas não encontrei nenhuma referencia sobre essa chácara ou mesmo sobre o banqueiro. A cidade em questão é Macaé, RJ.

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