quarta-feira, 13 de julho de 2011

Rodolpho H. Ramina - Um artista plástico em ascensão

Arte e Memórias de Viagens

Francisco Souto Neto na Revista MARY IN FOCO nº 18 – Maio 2008 (p. 64-65), de Mary Schaffer e Marco Antônio Felipak

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Rodolpho H. Ramina – Um artista plástico em ascensão

Francisco Souto Neto

     Embora tenha participado de apenas duas exposições coletivas, Rodolpho H. Ramina é um artista plástico completo que muito rapidamente poderá alcançar merecida notoriedade.

     O currículo do artista revela ser ele engenheiro civil e economista, com mestrado em Engenharia Civil na Universidade de Melbourne, Austrália, em 1981. Tem também doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela UFPR em 2000. Foi Loeb Fellow da Harvard Design School, Universidade de Harvard, EUA, com um projeto de pesquisa em comunidades sustentáveis. Ainda segundo seu currículo, desde o início dos anos 90 o trabalho de Ramina “passou a focar nos impactos ambientais e sociais dos grandes projetos de infraestrutura que havia criado, com uma crescente percepção do conflito entre os objetivos de desenvolvimento e as realidades regionais”. Depois disso, foi Secretário de Planejamento da cidade de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, diretor técnico da Companhia de Desenvolvimento da Capital do Paraná, e coordenador de pesquisa da Universidade Livre do Meio Ambiente, também de Curitiba. Em 1999 trabalhou com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná, e a partir de 2005 foi consultor da Federação das Indústrias do Paraná. No momento, “coordena o Plano das Bacias do Alto Iguaçu e Alto Ribeira, trabalhando com cenário de mudanças climáticas globais e seus impactos e consequências locais nos sistemas de gestão de recursos hídricos da Região Metropolitana de Curitiba”. Era natural que com tais atribuições, a arte de Ramina viria a revestir-se de importância também ecológica, conforme veremos adiante.

     Antes de conhecer as aquarelas feitas por Ramina, tive a oportunidade de folhear duas cadernetas de anotações feitas pelo artista, com variados desenhos. Estes, entretanto, quase sempre assemelhavam-se a obras de arte acabadas, realizadas com domínio de boa técnica que, em sua quase miniaturização, remete-nos às pequenas gravuras de Rembrandt.

     Outro detalhe interessante, antes que me referir às aquarelas propriamente ditas, é o envolvimento do artista com alguns dos princípios da Comissão Científica de Exploração, que em 1856 foi estruturada com apoio do imperador D. Pedro II com base em proposição do IHGB – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, para explorar a vida animal de regiões quase desconhecidas do território brasileiro. Compunham-na experts em geologia, mineralogia, botânica, geografia e astronomia. Um artista plástico registrava, em aquarela, os animais até ali desconhecidos e os exemplares de uma flora pelos portugueses considerada exótica.

     Aí está o ponto em que a arte de Ramina se encontra com os princípios da Comissão Científica acima referida, como daquela que a sucedeu, a Comissão Científica do Ceará, realizada entre 1859 e 1861, esta também integrada pelo naturalista, zoólogo e explorador Manoel Ferreira Lagos. Ramina, como os artistas do passado, realiza as suas aquarelas in loco, evidenciando-lhes a importância ecológica.

     Embora o recurso da fotografia seja absolutamente válido – nos sentido de captar a paisagem para depois servir de base para que o aquarelista, no aconchego do estúdio, desenvolva o trabalho artístico –, as obras realizadas ao ar livre têm o mérito de melhor captar  o ambiente sob o vento que move a vegetação, sob a luz solar que se modifica com a interferência das nuvens e com a própria inclinação do sol em seu aparente caminho pelo éter celeste. É esse clima que Ramina capta nas aquarelas.

     Seus temas são preferencialmente ecológicos, embora também registre barcos e pequenas vilas, como a de Bertioga e da catarinense Pedrinhas, em suaves tons violáceos que sugerem o entardecer.

     Ramina tem realizado aquarelas em variados países. Na segunda coletiva de que participou, a “Traço e Cor”, ocorrida recentemente no Museu Botânico Municipal de Curitiba, ele expôs algumas obras realizadas também os Estados Unidos. Todas elas foram feitas com requintado conhecimento de técnica e com resultado de grande beleza.

      Daquilo que conheço de Rodolpho H. Ramina, se depreende a certeza de que este artista tem os atributos necessários para levá-lo a ocupar um espaço de destaque no cenário das artes plásticas do país.

Foto 1 – O artista plástico Ramina. Foto 2 – Francisco Souto Neto, o autor.

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