quarta-feira, 13 de julho de 2011

Palacete Leão, tesouro arquitetônico de Curitiba

Arte e Memórias de Viagens

Francisco Souto Neto na Revista MARY IN FOCO nº 18 – Maio 2008 (p. 66-68), de Mary Schaffer e Marco Antônio Felipak

Capa



Créditos da Revista, página 4



Página 66


Página 67


Página 68




Palacete Leão, tesouro arquitetônico de Curitiba.

Francisco Souto Neto

     O Palacete Leão Júnior, ultimamente denominado “Palacete dos Leões”, sito à Av. João Gualberto nº 530, é uma das mais interessantes construções de Curitiba. Mandado erguer na virada do século, por Agostinho Ermelino de Leão Júnior, foi inaugurado em 1902.

     A capital do Paraná, então com apenas 35 mil habitantes, vivia o ciclo da erva-mate. Erguiam-se, no Alto da Glória e no Batel, os primeiros palacetes que viriam a marcar a memória arquitetônica da cidade.

     Quando, em 1906, o presidente Afonso Pena veio a Curitiba, hospedou-se no Palacete Leão Júnior, porque não existia qualquer hotel que estivesse à altura do ilustre visitante. E aquela mansão era, sem dúvida, a mais notável da cidade. Construída num estilo eclético pelo engenheiro Cândido de Abreu, incorporava algumas tendências de variadas épocas, mas foram as “villas” e os “palazzos” italianos, que mais o inspiraram. A fachada, acima da escadaria, compõe-se de cinco portas em arco, ladeadas por colunas com capiteis coríntios e entremeadas de pilastras, todas elas compondo a galeria de entrada que conta com duas pequenas salas em suas extremidades, abrindo-se, em seu centro, para os dois enormes salões principais. No passado, entretanto, o salão principal era o que se localizava à direita da entrada.

     A residência é maior do que aparenta. Quem a olha de frente, da rua, pensa estar vendo uma construção de um único andar. É que a beleza da fachada parece atrair todas as atenções, não deixando perceber que abaixo das imponentes portas de entrada, há todo um enorme andar térreo. Além disso, existe também um sótão na parte dos fundos do solar, acima do andar nobre. E, como não bastasse, mais uma escada leva ao torreão que funciona como mirante.

     Os detalhes do piso de madeira dos interiores, com formas geométricas, e das cerâmicas no piso da varanda lateral, bem como dos elaborados estuques, frisos e florões, e ainda das portas de cedro português ricamente entalhadas, dão à obra uma elegância verdadeiramente europeia. Além disso, os vidros coloridos de portas e janelas são de Murano e os mármores de Carrara. As cortinas e os papeis de parede da galeria de entrada são originais, ingleses, os mesmos de há mais de um século. À entrada do palacete, logo após o portão, encontram-se dois leões de cerâmica, de Santo Antônio do Porto.

     Leão Júnior viveu pouco para desfrutar da sua maravilhosa vivenda. Ele morreu em 1907. Sua viúva, Maria Clara de Abreu Leão, passou a comandar os negócios da família, do ramo ervateiro, até à sua morte em 1935. E o palacete foi passando às gerações seguintes da família Leão. Até que, no final dos anos 70, com a morte de uma das matriarcas, a propriedade foi vendida para a IBM, que restaurou magnificamente o palacete, para transformá-lo num espaço público para exposições de arte.

     Na primeira metade dos anos 80, abriram-se as portas do solar para as exposições. Convidado que fui para a inauguração do novo espaço, pude conhecer a beleza e os detalhes da vivenda. Assim como acontece com os antigos palácios particulares, que se transformam em museus abertos ao público, o Palacete Leão Júnior estava sendo presenteado à comunidade curitibana.

     Seu proprietário atual é o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE que, ocupando um belo e imenso edifício de vidro, com fachada para a outra rua do quarteirão, no lado oposto ao palacete, atrás das árvores e sem interferir no visual deste, uma vez mais mandou restaurar a mansão, agora chamada de “Palacete dos Leões”, destinando-a, como antes, às exposições de cunho cultural e artístico, e deste modo devolvendo-a à coletividade.

     A nobilíssima destinação dada pelo BRDE ao palacete, sem dúvida deixaria orgulhosos os seus primeiros proprietários, Agostinho Ermelino e Maria Clara, cujos retratos a óleo continuam pendurados sobre a lareira, os olhos voltados aos “intrusos” visitantes que, sempre curiosos mas também com certa reverência, penetram na intimidade daquela admirável antiga residência.

Ilustração maior, páginas 66 e 67 – Palacete Leão. Foto F. Souto Neto.
Ilustrações menores, página 67 – 1: Detalhe com sacada lateral. Foto F. Souto Neto. 2: Detalhes da fachada. Foto Rubens Faria Gonçalves. 3: Anjos no teto da galeria de entrada. Foto Rubens Faria Gonçalves. 4: Piso em cerâmica à entrada da varanda. Foto Rubens Faria Gonçalves.
Ilustração página 68: Cariátide da varanda. Foto Rubens Faria Gonçalves.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

OBSERVAÇÃO

Com esta postagem, encerra-se a documentação deste blog (*), que se compõe de duas postagens (2001 e 2002) envolvendo a revista INFORME MAGAZINE (dirigida por Nilton Romanowski), e de onze outras (2007 e 2008) da revista MARY IN FOCO (de Mary Schaffer e Marco Antônio Felipak).
(*) Em novembro de 2011 decidiu-se não encerrar aqui este blog, mas prosseguir transcrevendo as participações do autor em outras revistas e também em livros.

Ao encerrar (*), presto uma homenagem, abaixo, a meus queridos amigos, diretores das duas respectivas revistas, rememorando algumas das visitas que deles recebi.
(*) Em novembro de 2011 decidiu-se não encerrar aqui este blog, mas prosseguir transcrevendo as participações do autor em outras revistas e também em livros.


A visita de Marco Felipak a Francisco Souto Neto em 2007:



A visita de Mary Schaffer a Francisco Souto Neto em 2008: 



A  visita de Nilton Romanowski a Francisco Souto Neto em 2002: 


-o-

Nenhum comentário:

Postar um comentário